Fortuna Critica
Histórias apressadas
Francisco Dalcol
Diário de Santa Maria (Santa Maria, 08/05/2007)
Com quantas páginas se escreve uma história? Se perguntarem a Leonardo Brasiliense, ele dirá que a conta pode ser feita com uma medida bem menor, as palavras. Quatro, no caso dele. Esse é o tamanho do menor texto em Adeus Conto de Fadas, que será lançado hoje, às 17h, na Feira do Livro. Na obra, o escritor mergulha no miniconto para contar 72 micro-histórias inspiradas pelo universo adolescente.
O miniconto tem muito a ver com os tempos de hoje, em que tudo é tão instantâneo. Ainda mais quando retrata o nebuloso mundo adolescente, com todos seus conflitos, dúvidas e angústias.
- Para falar com esse público tão atual, é preciso saber o que está pegando. Fui atrás disso buscando o videogame, as gÃrias, o Orkut, o MSN, as revistas Capricho, Atrevida... São muitas dúvidas. Os conflitos ainda passam por drogas, gravidez, pais separados, sexo, aceitação... - conta.
Além disso, o escritor percebeu que, para encarar a realidade e se sentir parte de um grupo, o adolescente precisa construir sua identidade:
- Quando o adolescente cai na realidade, acaba a época de conto de fadas, do que ele ouvia quando criança.
Sem formar um gênero literário, o miniconto já foi explorado no Brasil por nomes como Dalton Trevisan, Luiz Rufatto e João Gilberto Noll. Segundo Brasiliense, o que difere um miniconto de muitos textos que circulam por aà é o fato de a narrativa manter as caracterÃsticas do conto:
- Também precisa de um personagem e um conflito. Muita coisa que a gente vê de minicontos são só impressões escritas ou poemas em prosa. Fala-se que a alma do conto é o subtexto, a entrelinha. É o que procuro criar em meus minicontos.
Expectativa é recrutar leitores
Brasiliense nasceu em São Gabriel, mas hoje vive em Santa Maria. Formado em Medicina, trabalha na Secretaria da Receita Previdenciária e começou a acreditar no que escrevia graças ao escritor Luiz Antonio de Assis Brasil.
Adeus Conto de Fadas sai pela editora carioca 7 Letras. É o quarto livro de Brasiliense, que já lançou O Desejo da Psicanálise (Sulina, 1999), Meu Sonho Acaba Tarde (WS Editor, 2000) e Des(a)tino (Sulina, 2002). O novo livro é o primeiro em que o escritor explora o miniconto no universo adolescente.
- O miniconto é bastante próximo do ritmo de vida dos jovens de hoje, que interagem com várias coisas ao mesmo tempo. Assim como a velocidade da informação, o miniconto é uma experiência literária instantânea. Espero que eu ajude a recrutar leitores que poderão ir para um Machado de Assis, por exemplo. Se passarmos boa parte da vida nesse regime instantâneo, estaremos perdendo grandes experiências - diz Brasiliense.
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